quarta-feira, 9 de outubro de 2013

As Origens da Umbanda e sua Relação com o Espiritismo

Neste estudo iremos conhecer as origens da Umbanda e sua relação com o Espiritismo. Geralmente ocorrem confusões sobre a origem da Umbanda, muitos acreditam que ela derivou dos cultos africanos; porém, a Umbanda é uma religião genuinamente brasileira. Ela se utiliza, sim, de elementos das crenças africanas, da mesma forma que se utiliza das crenças européias (a Umbanda é cristã) e das indígenas. De origem puramente africana são os diversos cultos do candomblé. O que é a Umbanda?

A palavra Umbanda é um vocábulo sagrado da língua Abanheenga, que era falada pelos integrantes do tronco Tupy. Diferentemente do que alguns acreditam, este termo não foi trazido da África pelos escravos. Na verdade, encontram-se registros de sua utilização apenas depois de 1934, entre os cultos de origem afro-ameríndia. Antes disto, somente alguns radicais eram reconhecidos na Ásia e África, porém sem a conotação de um Sistema de Conhecimento baseado na apreensão sintética da Filosofia, da Ciência, da Arte e da Religião.

O termo Umbanda, considerado a "Palavra Perdida" de Agartha, teria sido revelado por Espíritos integrantes da Confraria dos Espíritos Ancestrais. Estes espíritos seriam Seres que há muito não encarnam por terem atingido um alto grau de evolução, mas dignam-se em "baixar" nos templos de Umbanda para trazer a Luz do Conhecimento, em nome de Oxalá - O Cristo Jesus. Utilizam-se da mediunidade de encarnados previamente comprometidos em servir de veículos para sua manifestação.

Os radicais que compõem o mote UMBANDA são, respectivamente: AUM -BAN - DAN. Sua tradução pode ser comprovada através do alfabeto Adâmico ou Vattânico revelado ao Ocidente pelo Marquês Alexandre Saint-Yves d'Alveydre, na sua obra "O ARQUEÔMETRO".

AUM significa "A DIVINDADE SUPREMA", BAN significa "CONJUNTO OU SISTEMA", DAN significa "REGRA OU LEI", A UNIÃO destes princípios radicais, ou AUMBANDAN, significa "O CONJUNTO DAS LEIS DIVINAS".

Portanto, o AUMBANDAN ou CONJUNTO DAS LEIS DIVINAS é a PROTO-SÍNTESE CÓSMICA, encerra em si os princípios geradores do Universo, que são a SABEDORIA e o AMOR DIVINOS. Estende-se ao Ser Humano como a PROTO-SÍNTESE RELIGIO-CIENTÍFICA que contém e dá origem aos quatro pilares do conhecimento humano, ditos como FILOSOFIA, CIÊNCIA, ARTE e RELIGIÃO.

Pelo acima exposto, entendemos que a Umbanda seria patrimônio dos Seres Espirituais de Alta Evolução que governam o Planeta Terra, os Seres Humanos encarnados e desencarnados seriam herdeiros deste Conhecimento-Uno. Entretanto, a aquisição deste conhecimento cósmico depende de condições ou pré-requisitos que o indivíduo deve possuir para que possa compreender a extensão e significado deste patrimônio. Deve ser, também, capaz de participar efetivamente da marcha evolutiva do Planeta como um espírito de horizontes largos e consciência cósmica.

Ao processo de amplificação da consciência que conduz à integração do Ser neste contexto denomina-se Processo Iniciático ou Iniciação, no qual o pretendente busca o início das Causas e Origens do nosso Universo a partir do conhecimento de si mesmo e das Leis que regem o Macrocosmo.

O Movimento Umbandista é um Movimento Filo-Religioso que visa resgatar o CONHECIMENTO - UNO ou AUMBANDAN; sua divulgação é estimulada pelo CÍRCULO CÓSMICO DE UMBANDA e seus aspectos internos ou iniciáticos têm suas raízes fundadas na ORDEM INICIÁTICA DO CRUZEIRO DIVINO, um Templo-Escola da Alta Iniciação de Umbanda. História da Umbanda

Em fins de 1908, uma família tradicional de Neves, Estado do Rio de Janeiro, foi surpreendida por uma ocorrência que tomou aspecto sobrenatural: o jovem Zélio Fernandino de Moraes, que fora acometido de estranha paralisia, que os médicos não conseguiam debelar, certo dia ergueu-se no leito e disse: "Amanhã estarei curado". No dia seguinte, levantou-se normalmente e começou a andar, como se nada, antes, houvesse-lhe tolhido os movimentos. Contava apenas dezessete anos e destinava-se a carreira militar na marinha.

A medicina não soube explicar o que tinha ocorrido. Os tios, que eram padres católicos, foram colhidos de surpresa e nada disseram sobre a misteriosa ocorrência.

Um amigo da família sugeriu, então, uma visita à Federação Espírita de Niterói, presidida por José de Souza, na época. No dia 15 de novembro de 1908, o jovem Zélio foi convidado a participar de uma sessão e o dirigente dos trabalhos determinou que ele ocupasse um lugar à mesa. Tomado por uma força estranha e superior à sua vontade, contrariando as normas que impediam o afastamento de qualquer dos componentes da mesa, o jovem Zélio levantou-se e disse: "- Aqui está faltando uma flor"! E retirou-se da sala. Pouco depois, voltou trazendo uma rosa, que depositou no centro da mesa.

Essa atitude insólita causou quase um tumulto. Restabelecida a "corrente", manifestaram-se espíritos, que se diziam de pretos escravos e de índios ou caboclos, em diversos médiuns. Esses espíritos foram convidados a se retirar pelo presidente dos trabalhos, advertidos de seu suposto atraso espiritual.

Foi então que o jovem Zélio foi novamente dominado por uma força estranha, que fez com que ele falasse sem saber o que dizia (De acordo com depoimento do próprio à revista Seleções de Umbanda, em 1975).

Zélio ouvia apenas a sua própria voz perguntar o motivo que levava os dirigentes dos trabalhos a não aceitarem a comunicação desses espíritos e porque eram considerados atrasados, se apenas pela diferença de cor ou de classe social que revelaram ter tido na sua última encarnação. Seguiu-se um diálogo acalorado, e os responsáveis pela mesa procuraram doutrinar e afastar o espírito desconhecido, que estaria incorporado em Zélio e desenvolvia uma argumentação segura.

Um dos médiuns videntes perguntou, afinal:

"- Porque o irmão fala nesses termos, pretendendo que esta mesa aceite a manifestação de espíritos que pelo grau de cultura que tiveram, quando encarnados são claramente atrasados? E qual é o seu nome irmão"?

Respondeu Zélio , ainda tomado pela força misteriosa:

"- Se julgam atrasados esses espíritos dos pretos e dos índios, devo dizer que amanhã estarei em casa deste aparelho (o médium Zélio) para dar início a um culto em que esses pretos e esses índios poderão dar a sua mensagem e, assim , cumprir a missão que o plano espiritual lhes confiou. Será uma religião que falará aos humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e desencarnados. E , se querem saber o meu nome , que seja este : "Caboclo das Sete Encruzilhadas", porque não haverá caminhos fechados para mim".

O vidente interpelou a Entidade dizendo que ele se identificava como um caboclo mas que via nele restos de trajes sacerdotais.

O espírito respondeu então:

"- O que você vê em mim são restos de uma existência anterior. Fui padre e meu nome era Gabriel Malagrida. Acusado de bruxaria fui sacrificado na fogueira da Inquisição em Lisboa, no ano de 1761. Mas em minha última existência física, Deus concedeu-me o privilégio de nascer como caboclo brasileiro".

"- Julga o irmão que alguém irá assistir ao seu culto"? Perguntou com ironia, o médium vidente. Ao que o Caboclo das Sete Encruzilhadas respondeu:

"- Cada colina de Niterói atuará como porta-voz, anunciando o culto que amanhã iniciarei"!

Zélio de Morais contou que no dia seguinte , 16 de novembro, ocorreu o seguinte:

"- Minha família estava apavorada. Eu mesmo não sabia explicar o que se passava comigo. Surpreendia-me haver dialogado com aqueles austeros senhores de cabeça branca, em volta de uma mesa onde se praticava para mim um trabalho desconhecido. Como poderia, aos dezessete anos, organizar um culto? No entanto eu mesmo falara, sem saber o que dizia e por que dizia. Era uma sensação estranha: uma força superior que me impelia a fazer e a dizer o que nem sequer passava pelo meu pensamento".

"- E, no dia seguinte em casa de minha família, na Rua Floriano Peixoto, 30, em Neves, ao se aproximar a hora marcada, 20 horas, já se reuniam os membros da Federação Espírita, seguramente para comprovar a veracidade dos fatos que foram declarados na véspera. Os parentes mais chegados, amigos, vizinhos e, do lado de fora, estavam um grande número de desconhecidos".

Às 20 horas, manifestou-se o Caboclo das Sete Encruzilhadas. Declarou que se iniciava naquele momento, um novo culto em que os espíritos de velhos africanos, que haviam servido como escravos e que, desencarnados, não encontravam campo de ação nos remanescentes das seitas negras, já deturpadas e dirigidas quase exclusivamente para trabalhos de feitiçaria, e os índios nativos de nossa terra poderiam trabalhar em benefício dos seus irmãos encarnados, qualquer que fosse o credo e a condição social. A prática da caridade, no sentido do amor fraterno, seria a característica principal desse culto, que teria por base o Evangelho de Cristo e, como mestre supremo Jesus.

O Caboclo estabeleceu as normas em que se processaria o culto: sessões, assim se chamariam os períodos de trabalho espiritual, diárias das 20 às 22 horas, os participantes estariam uniformizados de branco e o atendimento seria gratuito.

Deu, também, o nome desse movimento religioso que se iniciava; disse primeiro allabanda (ou um dos presentes assim anotou) mas considerando que não soava bem a sua vibratória, substituiu-o por Aumbanda, ou seja Umbanda, palavra de origem sânscrita que se pode traduzir por "Deus ao nosso lado", ou "o lado de Deus".

Muito provavelmente, ficou o nome Umbanda , e não Aumbanda, porque alguém anotou a palavra separadamente (a umbanda).

A casa de trabalhos espirituais, que no momento se fundava, recebeu o nome de Nossa Senhora da Piedade, porque assim como Maria acolhe o Filho nos braços, também seriam acolhidos, como filhos, todos os que necessitassem de ajuda ou de conforto.

Ditadas as bases do culto, após responder, em latim e em alemão às perguntas dos sacerdotes ali presentes, o Caboclo das Sete Encruzilhadas passou á parte prática dos trabalhos, curando enfermos, fazendo andar aleijados. Antes do término da sessão, manifestou-se um preto velho. Pai Antônio, que vinha completar as curas.

Segundo o jornal Gira de Umbanda (n.º 19 "As Verdadeiras origens da Umbanda do Brasil"), foi esse guia quem ditou o ponto hoje cantado no Brasil inteiro:

Chegou, chegou, chegou, com Deus, chegou, chegou O Caboclo das Sete Encruzilhadas

Nos dias seguintes, verdadeira romaria se formou na Rua Floriano Peixoto, n.º 30, em Neves. Enfermos, cegos, paralíticos, vinham em busca de cura e ali a encontravam, em nome de Jesus. Médiuns (cujas manifestações haviam sido consideradas loucuras) deixaram os sanatórios e deram provas de suas qualidades excepcionais. Estava fundada a Umbanda no Brasil. 15 de novembro seria chamado posteriormente, Dia Nacional da Umbanda.

Cinco anos mais tarde manifesta-se o orixá Malé exclusivamente para a cura de obsedados e o combate aos trabalhos de magia negra (obs. Orixá, na realidade não incorpora, apenas manda sua vibração à terra, é comum no estado do Rio, trata-se de um guia espiritual pela denominação do orixá segundo Ivone Mangie Alves Velho, em seu livro Guerra de Orixá).

Dez anos após a fundação da Tenda Nossa Senhora da Piedade (registrada como tenda Espírita, porque não era aceito na época, o registro de uma entidade com especificação de umbanda), o Caboclo das Sete Encruzilhadas declarou que iniciava a segunda parte de sua missão: a criação de sete templos, que seriam o núcleo do qual se propagaria a religião da Umbanda.

Em 1935, estavam fundados os sete templos idealizados pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, sendo curiosa a fundação do sétimo, que receberia o nome de Tenda São Jerônimo (a casa de Xangô). Faltava um dirigente adequado ao mesmo, quando numa noite de quinta feira, José Alvares Pessoa, espírita e estudioso de todos os ramos do espiritualismo, não dando muito crédito ao que lhe relatavam sobre as maravilhas ocorridas em Neves, resolveu verificar pessoalmente o que se passava.

Logo que assomou à porta da sala em que se reuniam os discípulos do Caboclo das Sete Encruzilhadas, este interrompeu a palestra e disse:

"- Já podemos fundar a Tenda São Jerônimo. O seu dirigente acaba de chegar".

O Sr. Pessoa ficou muito surpreso, pois era desconhecido no ambiente. Não anunciara a sua visita e viera apenas verificar a veracidade do que lhe narravam. Após breve diálogo em que o Caboclo das Sete Encruzilhadas demonstrou conhecer a fundo o visitante, José Alvares Pessoa assumiu a responsabilidade de dirigir o último dos sete templos que a entidade criava.

Dezenas de templos e tendas, porém, seriam criados posteriormente, sob a orientação direta ou indireta do Caboclo das Sete Encruzilhadas. Em 1939, o Caboclo das Sete Encruzilhadas determinou que se fundasse uma federação (que posteriormente passou à denominação de União Espírita de Umbanda do Brasil, segundo relata Seleções de Umbanda n.º 7 1975) , para congregar templos Umbandistas e que deveria ser o núcleo central desse culto, em que o simples uniforme branco de algodão, dos médiuns estabelecia a igualdade de classes e a simplicidade do ritual permitia. Principais Características da Umbanda

A Umbanda possui uma corrente de espíritos com uma missão definida, que se apresenta nos terreiros com as "ROUPAGENS FLUIDICAS" de pretos-velhos (elemento negro, africano, etnia negra), caboclos (elemento vermelho, indígenas, etnia vermelha) e crianças (elemento branco, europeu, etnia caucasiana).

Embora bastante confundido, o termo Olodumaré não é umbandista e sim africano. Deus na Umbanda é chamado de ZAMBI.

Os orixás na Umbanda não são deuses, e sim essências divinas (são atributos de Deus que toda a humanidade deve aprender na sua jornada evolutiva). Os espíritos da sagrada corrente de Umbanda se agrupam em falanges, segundo o aprendizado correspondente ao seu estágio evolutivo. Oxalá representa o atributo divino FÉ e tudo que diz respeito às relações do ser humano com Deus. Tem por representante Jesus. Uma pessoa que nasce "filha de Oxalá" tem como missão desenvolver o atributo fé, religiosidade etc. Percebam que esta é uma visão oposta à visão do Candomblé, em que cada orixá é uma divindade com ATRIBUTOS HUMANOS (ciúmes, disputas e brigas entre os orixás são constantes nas lendas africanas).

· Contrário ao que se pensa a Umbanda não sofreu sincretismo algum. Quem sofreu o sincretismo foi o Candomblé. Os fundamentos da Umbanda nada têm de sincréticos. A Umbanda é uma religião que evolui. Foi se imiscuindo nos cultos de candomblé e modificando-lhes as práticas. Assim, teremos uma enorme gama de práticas umbandistas conforme o maior ou menor grau de assimilação que os cultos foram tendo. Dessa forma, temos a umbanda africana (umbandomblé, que possui todas as práticas do candomblé, inclusive os sacrifícios), mas trabalha com mediunidade e incorporação de espíritos. Há a umbanda esotérica que agrega ensinamentos de diversos sistemas, desde o Espiritismo, à Astrologia, Cromoterapia, Apometria etc. Entre esses dois estágios há níveis intermediários de culto, de forma que a classificação fica muito difícil, pois a Umbanda não foi codificada, como ocorreu com o Espiritismo.

· O que se acredita ser sincrético na Umbanda, na verdade são conhecidas como falanges de trabalho. Assim, Jesus é o responsável pela linha de Oxalá; Maria é responsável pela falange Yemanjá; Jerônimo é um dos espíritos que lideram as falanges de Xangô; Sebastião é um dos espíritos que lideram a falange de Oxossi. O mesmo ocorre com Jorge da Capadócia. Iansã e Oxum não são Orixás Maiores, são ramificações, sub-falanges de Yemanjá, são espíritos encarregados de atuar junto às demais falanges (Iansã é uma falange de Yemanjá encarregada de trabalhar junto á falange de Xangô; Oxum é uma falange encarregada de trabalhar junto á falange de Oxossi).

Assim a Umbanda se apresenta:

- Oxalá representa a fé e todas as relações entre o homem e a divindade;

- Oxossi representa o conhecimento e todas as relações entre o homem e a inteligência;

- Yemanjá representa o amor e todas as relações entre o homem e o poder criador divino;

- Xangô representa a justiça e todas as relações entre o homem e a justiça divina;

- Yori (crianças) representa a pureza e todo o esforço do homem em se tornar mais espiritualizado;

- Yorimá (pretos-velhos) representa a humildade e todo o esforço do homem em alcançar sabedoria;

- Ogum representa a luta, o esforço do homem nas batalhas contra a sua própria animalidade dentro da lei de amor. Todos os exus (entidades de Ki-banda) estão subordinados às falanges de Ogum justamente por representarem a cobrança kármica, a lei da justiça.

- Na Umbanda não há sacrifícios de animais. Há terreiros que se dizem de Umbanda, mas que praticam QUIUMBANDA (um culto dedicado ao mal). A relação entre o Espiritismo e a Umbanda.

Muitos umbandistas trabalham também em centros espíritas. Relatos desses médiuns confirmam que uma entidade de Umbanda não se manifesta em um Centro Espírita.

Porém o que ocorre atualmente é uma relação de receio entre as duas vertentes. Os umbandistas que trabalham em Centros Espíritas, não informam que são Umbandistas e muitos acabam não participando de Centros Espíritas por temerem ser tachados de "inferiores".

A leitura dos livros de Kardec é cada vez mais recomendada nos centros de Umbanda, assim como a manifestação de pretos-velhos é cada vez mais comum nos centros espíritas. É um fenômeno que está partindo da própria espiritualidade. Não são os umbandistas que estão invadindo os centros espíritas, nem são os espíritas que estão invadindo os terreiros.

O candomblé não segue Kardec, por outras razões. Uma delas é que eles não trabalham com manifestações de eguns (espíritos que já encarnaram), outra razão é que o candomblé é pagão, não cultua Jesus, e o Espiritismo é essencialmente cristão.

O Espiritismo foi um termo criado por Kardec para distinguir os espiritualistas que crêem na existência e manifestação de espíritos daqueles espiritualistas que não crêem; podemos conferir no livro "O que é o Espiritismo":

"(...) A palavra espiritualista, desde muito tempo, tem uma significação bem definida; é a Academia que no-la dá: ESPIRITUALISTA é aquele ou aquela cuja doutrina é oposta ao materialismo. Todas as religiões, necessariamente, estão baseadas no Espiritualismo. Quem crê haver em nós outra coisa além da matéria, é espiritualista, o que não implica na crença nos Espíritos e nas suas manifestações. Como vós o distinguiríeis daquele que o crê? Precisar-se-ia, pois, empregar uma perífrase e dizer: é um espiritualista que crê, ou não crê, nos Espíritos. Para as coisas novas, é preciso palavras novas, se se quer evitar equívocos". – (Kardec, A. O que é o Espiritismo).

Mas e os rituais? O que a Doutrina Espírita pensa a respeito? Vejamos o que os Espíritos respondem a Kardec:

Pergunta 653: A adoração tem necessidade de manifestações exteriores?

Resposta: A verdadeira adoração é a do coração. Em todas as vossas ações, imaginai sempre que o Senhor está convosco. – (KARDEC, A. O Livro dos Espíritos).

Pergunta 653: A adoração exterior é útil?

Resposta: Sim, se não for uma farsa, uma vã simulação. É sempre útil dar um bom exemplo; mas aqueles que o fazem de forma fingida ou por amor próprio e cuja conduta desmente a piedade que aparentam dão um exemplo antes mau do que bom e fazem mais mal do que pensam. – (KARDEC, A. O Livro dos Espíritos).

Pergunta 654: Deus dá preferência aos que O adoram desse ou daquele modo?

Resposta: Deus prefere os que O adoram verdadeiramente com o coração, com sinceridade, fazendo o bem e evitando o mal, àqueles que acreditam honrá-lo por cerimônias que não os tornam melhores para com seus semelhantes. – (KARDEC, A. O Livro dos Espíritos).

Além da codificação podemos observar Bezerra de Menezes trabalhando em conjunto com espíritos de Umbanda no livro: "Dramas da obsessão":

a) No Além existem regras de trabalho admiravelmente estabelecidas, equivalentes a leis, mediante as quais os trabalhadores do Bem poderão tomar as providências que a sua responsabilidade, ou competência, entenderem devidas e necessárias. Geralmente aplicam-nas, as providências, Espíritos investidos de autoridade, espécie de chefes de Departamento ou de secção, tal como os entendem os homens, sem que para tanto sejam necessários entendimentos prévios com outras autoridades superiores, ou seja, o regime da burocracia, de que os homens tanto abusam nas suas indecisões, e o qual é desconhecido no Espaço. De outro modo, encontrando-se os referidos serviços do Invisível sob a jurisprudência da fraternidade universal, quaisquer servidores estarão em condições de resolver os problemas que se apresentam no seu roteiro, desde que para tanto investidos se encontrem daquela autoridade que, no Além, absolutamente não é o cargo que confere, mas o equilíbrio consciencial e moral de que disponham.

Tendo a meu cargo um desses setores de serviço que, pela magnanimidade do Senhor e Mestre, me fora confiado como estímulo e bendito ensejo para os labores de que me adviria o progresso pessoal, do qual tanto carece o meu Espírito, não vacilei nas medidas a tomar, visando a evitar novo caso de suicídio naquela família, desgraça que, através do impressionante relatório do meu jovem assistente, pressenti iminente no referido domicílio... Porquanto, além dos inimigos obsessores, sombrios e odiosos desde quatro séculos, existia ainda a permanência dos dois suicidas citados, cuja pressão magnética inferior, corrosiva, por si só seria passível de contágio mental nos demais afins, levando-os, sem mesmo disso se aperceberem, a imitar-lhes o gesto.

b) — "Perseverai, tu e Peri, por afastardes do cenário familiar de Leonel o chefe dos obsessores em primeiro lugar —pois certo estava eu de que a obsessão coletiva, exercendo ação múltipla, dispõe sempre de um orientador, que será o mais inteligente ou cruel dentre os obsessores, com ascendência irresistível sobre os demais. — Defende-o, aprisionando-o até novas instruções, no recinto deste mesmo Centro, cuja ambiência respeitável, legitimamente apropriada para o caso, se acha em condições de hospedá-lo."

Em seguida, indiquei providências para a remoção de Leonel e sua filha do ambiente doméstico para regiões condizentes com suas afinidades, a bem da tranqüilidade dos demais membros da família e, outrossim, visando à recuperação de ambos para o estado consciente do Espírito desencarnado.

Prontificou-se o meu assistente ao mandato espinhoso e partiu acompanhado do amigo Peri. Tais operosidades, no entanto, são melindrosas e de difícil realização, para os Espíritos delas incumbidos, tal a catequese aos malfeitores terrenos por missionários cujas armas serão apenas a fé na vitória do Bem e a certeza do auxílio celeste, e cujas insígnias serão a lembrança do sacrifício, na Cruz, do Cordeiro de Deus.

c) Geralmente, a caça a obsessores mui trevosos é levada a efeito por entidades espirituais pouco evolvidas, conquanto já regeneradas pela dor dos remorsos e pela experiência dos resgates, ansiosas pela obtenção de ações meritórias com que adornem a própria consciência, ainda tarjada pela repercussão dos deméritos passados. Efetuam-na, porém, invariavelmente, sob direção de entidades instrutoras mais elevadas, subordinadas todas a leis rígidas, invariáveis, as quais serão irrestritamente observadas. Essas leis são, como bem se perceberá, as normas divinas do Amor, da Fraternidade e da Caridade, que obrigarão os obreiros em ação às mais patéticas e desvanecedoras atitudes de renúncia e abnegação, a fim de que não deixem jamais de aplicá-las, sejam quais forem as circunstâncias. Muitos desses operadores possuem método próprio de agir e os instrutores responsáveis pelo trabalho deixam-nos à vontade dentro do critério das leis vigentes, tal como a equipe de professores que ensinassem letras, ciências, etc., mantendo cada um o seu próprio método, embora observando todas as leis da pedagogia ou do critério particular de cada matéria.

d) Peri era especializado em tarefas tais e possuía métodos particulares, os quais aplicava com eficiência, sempre que necessário. Trazia às suas ordens pequeno pelotão de auxiliares, que, obedecendo-lhe fielmente, tais os milicianos ao seu general, junto dele desempenhavam concurso valioso de proteção ao próximo, enquanto, assim agindo em defesa dos mais fracos, reparavam deslizes graves de um passado reencarnatório remoto, como explicamos para trás. (PEREIRA, Y. A. Dramas da Obsessão).

E ainda o Espírito Humberto de Campos, no livro: "Brasil Coração do Mundo, Pátria do Evangelho", psicografado por Chico Xavier:

"(...) Não é raro vermos caboclos, que engrolam a gramática nas suas confortadoras doutrinações, mas que conhecem o segredo místico de consolar as almas, aliviando os aflitos e os infelizes, ou então, médiuns da mais obscura condição social, e nas mais humildes profissões, a se constituírem instrumentos admiráveis nas mão piedosas dos mensageiros do Senhor..." –(XAVIER, F. C. Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho). Conclusão

Conforme elucidado por Kardec:

"(...) Uma vez que, por toda parte que haja homens, há almas ou Espíritos, que as manifestações são de todos os tempos, e que o relato se encontra em todas as religiões, sem exceções. Pode-se, pois, ser católico, grego ou romano, protestante, judeu ou muçulmano, e crer nas manifestações dos Espíritos, e por conseqüência, ser Espírita; a prova é que o Espiritismo tem adeptos em todas as seitas." – (KARDEC, A. O que é o Espiritismo, p. 189).

E comprovado que a Umbanda crê na manifestação de Espíritos, então seus adeptos só podem ser classificados como Espíritas. Desta maneira, os fenômenos ocorridos na Umbanda devem ser estudados pelo Espiritismo de maneira séria e livre de preconceitos. * * *

Texto: Douglas Camillo e EleonoraKira

Fonte:  http://portalespirito.com

Aranauam

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